quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Do jeito que está, a Saúde no Guarujá é um crime contra a população

Dr. Welinton Andrade Silva
Foi o cônego Domênico Rangoni, falecido em 1987, quem construiu o Hospital Santo Amaro entre tantos outros importantes aparelhos sociais e educacionais (Colégio Don Domênico) da cidade.
Foi necessário chamar à memória o padre, para escrever sobre a Saúde na cidade. Do ano de 1987 para cá, só se vê e ouve falar que “Guarujá aumenta população”; “Guarujá receberá ainda mais turistas”; “rede hoteleira de Guarujá cresce”, “hotéis estão com reservas próximas a 100%”; “novos edifícios são construídos”. São notícias ótimas.
A população, o turismo e o veranista aumentaram sua freqüência na cidade. Entretanto, a estrutura da cidade para moradores e visitantes também cresceu? Não.
Na temporada de verão gostamos de propalar aos quatro cantos que recebemos mais de um milhão de visitantes.
Vamos nos ater apenas à área da saúde em nossa modesta análise. Da morte de Domênico até hoje, temos o mesmo número de leitos e quase a mesma estrutura no Hospital que ele construiu com doações de amigos milionários de São Paulo.
Se formos colocar no papel, na realidade, diminuímos nossa estrutura de atendimento ao público na área da saúde.
Como exemplo, podemos citar que o HSA deixou de fazer cirurgia torácica, não temos atendimento para endocrinologia, pneumologia, ambulatório de cardiologia, gastro, entre outros.
Atualmente, em números aproximados, o HSA tem 1.250 internações/mês (para 324 leitos entre SUS e convênios) e realiza de dor de cabeça a casos mais complexos, 35 mil atendimentos/mês.
Os números não são pequenos, entretanto, insuficientes para atender às necessidades atuais. Isso para não citar as constantes “ameaças” de paralisação da equipe de traumatologia, que só atende até as 17 horas.
Se você ou alguém da sua família ou amigo precisar com urgência de um cardiologista, ortopedista... em Guarujá estará morto literalmente, não é figura de linguagem.
O recente surto de virose só escancarou ainda mais as deficiência que apontamos há anos em nossos escritos nos jornais, blog e TV Guarujá.
Entretanto, a solução para o HSA não passa pela caça às bruxas nem crucificação deste ou daquele grupo de administradores públicos ou médicos. A solução passa por todos nós.
É preciso que cobremos as autoridades constituídas para o oferecimento de solução para a questão da saúde municipal.
Para nós, não interessa saber se haverá intervenção ou não no HSA. Ou se ele será administrado por pessoas de fora ou da própria cidade.
Para nós, interessa a solução, que passa por uma gestão profissional do hospital, que extirpe cânceres que lotearam o hospital em várias áreas, formando feudos de especialidades e prestação de serviços.
Na cidade, muito se fala que Guarujá é a cidade onde o Hospital é pobre e os médicos são ricos. Sem querer discriminar ninguém, isso precisa mudar.
O HSA é da população e, qualquer decisão que se queira tomar sobre o destino dele, é necessária a discussão com a sociedade e a participação efetiva do Ministério Público, enquanto fiscal da lei.
Se tiver que intervir, que se intervenha. Se tiver que melhorar a gestão, que se melhore. Até porque, do jeito que está, o atendimento da Saúde na cidade é um crime contra a população.
Isso para não citar a penúria e falta de estrutura e material vivida pelo PAM e outros aparelhos municipais de Saúde.