Dr. Welinton Andrade Silva
Numa empresa privada, uma das principais dificuldades do administrador é fazer com que a equipe seja unida.
Como ser humano, funcionários não estão vacinados contra ciúmes, inveja, sabotagem... que atrapalham o bom andamento do serviço.
No poder público ou empresa pública a dificuldade do administrador é infinitamente maior.
Enquanto nas empresas privadas os funcionários incompetentes ou anti-sociais estão sujeitos a serem mandados embora a qualquer tempo, no poder público, tudo é diferente.
Nos órgãos públicos existem vários tipos de funcionários. Alguns são concursados (de carreira), outros são indicados (por competência ou não) por padrinhos políticos. Nos dois casos possuem “imunidade” contra a demissão pura e simples. No primeiro caso, por força legal. No segundo, pela força política de quem o indicou.
Em Guarujá não é diferente. Mas aqui parece ser ainda pior.
O musical infantil “A Bela e a Fera” está em cartaz no requintado Sofitel Jequitimar, do Silvio Santos. E a prefeitura divulga o espetáculo da seguinte maneira: “ Prefeitura de Guarujá, por meio das secretarias municipais de Assistência Social, Turismo e Educação (cadê a Cultura?), vai levar 250 crianças de seis entidades ao teatro para assistir ao espetáculo A Bela e a Fera, nesta quinta-feira (7), às 16h30.”
Levar crianças carentes para assistirem a um grande espetáculo é ótimo. Chega a ser louvável. Entretanto, na própria informação da PMG, fica clara a desunião ou falta de articulação do governo municipal entre as suas secretarias.
Senão vejamos. O musical “A Bela e a Fera”, salvo engano, é um espetáculo cultural. Dessa forma, como se explica a não participação da Secretaria da Cultura na importante ação sócio-cultural?
A explicação é simples: tudo foi feito à revelia da secretaria da Cultura que funciona como apêndice de outras secretarias. Uma espécie de secretaria de segunda categoria.
Mesmo que a ação tenha sido articulada inicialmente por outra secretaria, não se pode admitir a ausência da Cultura no processo, que é eminentemente social, educacional e cultural.
Quando estivemos à frente da Cultura na cidade, apesar de tentarem, não permitíamos que esse tipo de desrespeito acontecesse, pois é um desprestígio para a secretaria e, consequentemente, para todos os seus funcionários e mesmo aos artistas da cidade.
A prefeita Antonieta é uma amante da Cultura. Sabe da importância da Cultura para um povo. Espelha-se na sua madrinha política, ex-deputada Mariângela Duarte que, enquanto candidata à prefeitura de Santos desenvolveu um interessante projeto cultural no seu plano de governo.
A secretaria da Cultura precisa se impor mais. Unir os artistas, aproximá-los das suas ações e, principalmente, retirar proveito positivo do fato de a prefeita ser, reconhecidamente, uma amante da cultura, que representa os costumes, as tradições e a cidadania de um povo.
Prefeita, não permita mais que esse tipo de desrespeito com a Cultura aconteça no seu governo.
Parabéns pela iniciativa social, educacional e cultural de levar as crianças carentes ao teatro. Mas, só a título de lembrança, esqueceram de convidar as crianças especiais do CRPI, ADISA e APAE.
Que tal uma nova data para elas, que também adoram espetáculo infantil?
*O advogado Welinton Andrade Silva é coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
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