“Polícia Militar ou Força Pública?”, tanto faz governador Serra

Dr. Welinton Andrade Silva

Tenho o governador José Serra como um político sério, trabalhador, compromissado com o Estado e a população que governa. É austero, demonstrou competência e sensibilidade pública quando ministro da Saúde, implantando programas que hoje auxiliam portadores de HIV e doenças que exigem uso contínuo de medicamentos (genéricos mais baratos) para a população menos favorecida financeiramente.
Entretanto, algo estranho me chamou a atenção nas novas prioridades do governador do Estado que mais arrecada no país: a “brilhante” idéia de trocar o nome da Polícia Militar, para Força Pública.
Não fosse a iniciativa de proposta de emenda à Constituição do Estado, do governador, nem entraria no mérito da questão. Que é ridícula, para dizer o menos.
Entretanto, sou obrigado a comentar o fato. Afinal, trata-se de uma iniciativa do governador Serra, um homem, notadamente, inteligente.
Por cerca de 80 anos, em épocas alternadas, a atual Polícia Militar era denominada Força Pública. Foi durante o Regime Militar que veio a presente denominação “Polícia Militar”. E daí?
Senhor governador, com todo o respeito que o senhor merece, a população está pouco se lixando se o nome da polícia é A ou B. O que a população quer, é segurança pública. Não ter medo de sair de casa (nem de ficar em casa), não temer pela segurança dos filhos que vão para a balada. Enfim, ter direito a tal “sensação de segurança”.
Para isso, não é preciso mudar o nome da Polícia Militar, é necessário, em primeiro lugar, respeitar os seus integrantes, soldados, cabos, sargentos e oficiais que, até onde tenho conhecimento, não foram consultados sobre a “brilhante” idéia.
Para se sentir segura, a população precisa que o governo do Estado faça com que o policial militar se sinta prestigiado na importante função que ocupa.
Entre as necessidades da corporação, senhor governador, não é prioridade a simples troca de nome. Precisam com maior urgência de melhores salários, novos armamentos e carros, além de cursos de aperfeiçoamento para saber como lidar em situações limites e mesmo com o público num simples acidente de trânsito ou briga de vizinho.
A Polícia Militar precisa de respeito, senhor governador, para poder respeitar àqueles que “ao Estado incumbe a proteção, a segurança”, que somos todos nós, cidadãos comuns.
Sinceramente, senhor governador, colocar na pauta de um ano eleitoral a troca de nome da polícia, enquanto os assassinatos aumentam, é brincar com o cidadão.
Ao invés de procurar pêlo em ovo, o governador deveria mesmo é aumentar os salários dos policiais, sem se esquecer dos professores do Estado que, a exemplo dos primeiros, recebem uma miséria pelos importantes trabalhos prestados para a sociedade.

*O advogado Welinton Andrade Silva é coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
welintonandrade@hotmail.com