*Dr. Welinton Andrade Silva
A política é formada de verdades e mitos. Assim informa a Revista Veja da semana passada que, baseada em resultados de eleições anteriores, destacou o que segue.
Para a revista semanária, os debates na TV, a economia, um deslize do candidato (como Ciro Gomes) e taxa de rejeição superior a 35% influem no resultado de uma eleição.
Ainda segundo a mesma fonte, não influenciam no resultado de uma eleição: ter palanques nos Estados, os indecisos, a copa do mundo, o candidato a vice e a relação entre horário eleitoral e mudança no horário da novela. A revista se baseia em exemplos de eleições passadas.
A Veja analisa os temas até aqui abordados exclusivamente para a candidatura à presidência da República. Com relação à copa do mundo e eu já generalizando para todos os cargos em jogo em outubro próximo, podemos afirmar que ela pode influenciar nas candidaturas dos candidatos que ficarem esperando a copa acabar para começar seus trabalhos e articulações.
A copa termina justamente no mês de julho, quando a legislação eleitoral marca o início oficial das campanhas eleitorais com os candidatos com os respectivos números das suas legendas e autorizados a realizarem campanha e pedirem voto abertamente, nos limites da lei.
Em outras palavras, quem quiser ganhar a eleição, deve deixar o interesse por todos os jogos da copa, com exceção aos do Brasil, é óbvio, e trabalhar duro nos bastidores.
O eleitor realmente está envolvido com a copa do mundo e os próprios problemas do seu dia a dia, entretanto, quando ela acabar, os candidatos deverão estar com seus programas, projetos de trabalho, equipes e a parte gráfica definidos.
Os que lêem essa crônica, nem imaginam a movimentação das campanhas para presidência, deputados estadual e federal e senadores nos bastidores.
Os principais partidos correm atrás de cabos eleitorais que saibam fazer campanha. Para isso, pagam ajuda de custo que pode variar de caso a caso.
Entretanto, o mínimo que o “mercado” do litoral oferece para cabos eleitorais comuns apoiarem candidaturas a deputado estadual e federal é a quantia de R$ 200,00 por semana. Totalizando R$ 800,00 por mês. Isso, para cada candidatura. Se for apoiar estadual e federal, o valor dobra.
Entretanto, existem as chamadas lideranças políticas, gente que já foi candidata ou exerce relativa influência nos seus bairros. Nesses casos, as cifras aumentam e oscilam a cada caso, de acordo com o “patrimônio político” de cada um deles.
Levando-se em conta que a eleição para deputado estadual e federal busca eleitores em todos os municípios de São Paulo, por exemplo, tem-se uma idéia das gigantescas cifras de uma campanha eleitoral para deputado.
E são os astronômicos números que retiram do páreo alguns bons nomes que representariam bem a população.
É por isso que defendemos há décadas, o Voto Distrital Misto, onde as lideranças locais realizariam suas campanhas nas próprias cidades e nos municípios vizinhos.
Neste caso, além de mais econômico, as regiões seriam melhores representadas pelos candidatos eleitos. Contudo, enquanto não vem o Voto Distrital, a regra do jogo é buscar votos em todos os municípios do Estado. Sempre a peso de ouro.
Após, os vencedores que gastaram milhões para se elegerem nos representam da forma que estamos acostumados: sem compromisso com a população que os elegeu, mas sim com os seus financiadores.
*O advogado Welinton Andrade Silva é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB, coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
welintonandrade@hotmail.com –