Dr. Welinton Andrade Silva
Sou cliente do Unibanco há pelo menos vinte anos. Minha conta não é lá grande coisa. Mesmo assim, o próprio banco nos colocou na condição de cliente Uniclass desde o início. Uma espécie de cliente especial. Imagino que nos deram isso devido a sermos formadores de opinião na cidade. Nada mais.
Na agência Guarujá, nessas duas décadas como cliente, nunca tive um cheque sequer devolvido e tivemos alguns problemas com o banco é verdade. Mas nada que justificasse o fechamento da conta na instituição financeira.
Há cerca de um ano, houve a fusão entre o Itaú e o Unibanco. Nesse tempo, nada afetou nossa relação consumidor-banco.
De um mês para cá, entretanto, os problemas, todos relativos à fusão (que não é nada mais do que a venda do Unibanco para o Itaú) começaram também para os clientes.
Para começar, a agência do Unibanco, que possuía novas instalações, entrou numa reforma absolutamente desnecessária, causando muita poeira para clientes e principalmente funcionários, que ficam o dia inteiro respirando o ar poluído e trabalhando em meio a entulhos.
Entretanto, para piorar a situação, o Itaú comunicou aos clientes que seus números de conta corrente e poupança mudarão. Também as senhas serão outras. No quesito senhas, os clientes terão que ter duas. No Unibanco era apenas uma.
Na verdade, do Unibanco, só restarão os funcionários. Entretanto, submetidos ao novo sistema de trabalho do Itaú.
Quanto a nós, clientes, que nos adeqüemos ao sistema Itaú de atendimento que, se fosse bom, seriamos clientes deles, e não do Unibanco.
O Itaú tem o direito de trocar tudo: de números de contas e senhas a reformar desnecessariamente a agência do Unibanco Guarujá.
Entretanto, é também é direito e obrigação nossa, cidadão, cliente e consumidor, apontarmos os absurdos, falhas e transtornos da transição do Unibanco para o Itaú. Até porque, nos venderam num pacote para o Itaú, sem nos consultar. Então, temos mais é que reclamar e tornar público os problemas relativos à fusão.
A reforma desnecessária de uma agência que estava nova (Unibanco) simplesmente para mostrar que o banco mudou para a bandeira Itaú demonstra bem a forma como os bancos estão ganhando muito dinheiro em nosso país.
Quando era oposição, o presidente Lula atacava os bancos e os colocava na condição de agiotas. Entretanto, no governo dele, “nunca antes na história desse país, os bancos ganharam tanto dinheiro”, diria o próprio “companheiro” Lula.
Só para o leitor ter uma idéia do desperdício por parte do Itaú, o novo banco nos enviou um calhamaço de correspondências tentando justificar as mudanças. Entretanto, pela qualidade do papel utilizado (capa dura) dá para notar a sobra de dinheiro e a falta de compromisso do Itaú com o meio ambiente. Não seria necessário tanto luxo para ir para o lixo.
Se o (a) leitor (a) é cliente do Unibanco, tome o cuidado de solicitar extratos das suas contas. Afinal, com todas essas mudanças, pode até acontecer de “colocarem dinheiro a mais” nas suas aplicações.
Em poucas palavras, para os clientes, a fusão entre Itaú-Unibanco, mais parece uma confusão.
*O advogado Welinton Andrade Silva é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB, coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
welintonandrade@hotmail.com –