sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

É preciso romper o ciclo vicioso que provoca desemprego e criminalidade

*Dr. Welinton Andrade Silva

Na madrugada do assassinato do vereador, professor e advogado Luis Carlos Romazzini o Jornal Primeira Hora já estava na gráfica, rodando. Portanto, ficamos impossibilitados de escrever sobre o assunto para a imprensa escrita.
Entretanto, durante toda a semana, na Internet, repercutimos o brutal e covarde assassinato do vereador.
Falar bem de morto, no Brasil é praxe. Entretanto, como deixar de lembrar a forma ética e moral com que Romazzini sempre procurou atuar enquanto advogado, professor e vereador?
Polêmico e idealista, conquistou o apoio popular, sendo o mais votado em Guarujá nas últimas eleições para deputado estadual. Era, portanto, potencial candidato a prefeito e não escondia isso de ninguém.
Roma, como os mais próximos o chamavam, era o único vereador de oposição declarada à atual administração. Entretanto, ele também era igualmente opositor de gestões anteriores. Era uma característica sua: criticar, apontar falhas, erros ou indícios de corrupção: denunciar.
Com a atuação política colocada, fica fácil concluir que Romazzini tinha dezenas, senão centenas de adversários e inimigos políticos.
Os veículos de comunicação divulgam que os casos dos assassinatos dos também vereadores, Falcão e professor Ernesto não foram esclarecidos. Bem como a morte de Gilmar Brás Fialho, dono de uma funerária na cidade.
Para a Justiça (dos homens) e Polícia os três casos constam como esclarecidos, inclusive com julgamento dos acusados.
O problema é que para familiares e população vale o ditado popular que “não basta à mulher de César ser séria, ela precisa também parecer séria”.
Em outras palavras, assim que ocorreram os assassinatos, a opinião pública formou sua opinião e convicção que, certas ou não, ficaram incrustadas no inconsciente do cidadão morador de Guarujá e Vicente de Carvalho.
O fato é que a cidade perdeu Romazzini, um político inegavelmente atuante, que defendia e acreditava nos seus ideais.
Agora, cabe às autoridades constituídas a elucidação convincente do bárbaro assassinato que convença sobre a “verdade real” não só nos autos do processo, mas também a opinião pública que, mais uma vez, já está convicta sobre o tema.
A grande verdade é que a sociedade civil e autoridades de Guarujá precisam exigir da Prefeitura, Câmara e Governo do Estado melhor segurança para todos.
Em nossa cidade, infelizmente, acontecem mortes brutais como a execução do vereador Romazzini quase todos os dias. Isso sem contar crimes “menores” de furtos e roubos que afugentam turistas, provocando o enfraquecimento do comércio local com as conseqüências previsíveis, a mais visível delas, o desemprego.
E ai, instala-se um ciclo vicioso onde, sem oportunidade, o jovem entra no mundo do crime com os conseqüentes resultados.
É esse círculo vicioso que precisa ser rompido.

*O advogado Welinton Andrade Silva é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB, coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
welintonandrade@hotmail.com –