Dr. Welinton Andrade Silva
Antes da votação do pedido de cassação contra a prefeita Antonieta de Brito, do PMDB, bem como a votação das contas do ex-prefeito Farid Madi, do PDT, alguns diziam na cidade que as referidas votações seriam “um divisor de águas”.
A prefeita Antonieta teve o processo de cassação rejeitado pela Câmara e, o mais absurdo, contou com os votos dos quatro vereadores do PDT, de Farid.
Na votação do ex-prefeito Farid, foi diferente: só os seus quatro vereadores votaram contrários ao parecer do Tribunal de Contas e, portanto, a favor de Farid.
Os vereadores Addis Filho, do PV, e Valter Suman, do PSDC, a pedido do vereador Cândido, do PMDB, foram impedidos de votar por terem ocupado secretarias no governo anterior. Ituo Sato, do PP, estava doente.
No momento, o ex-prefeito Farid está exatamente como antes da votação da última sessão: inelegível.
É que as contas de 2005 de Farid também foram rejeitadas pela Câmara. Agora, com duas rejeições, o ex-prefeito baterá às portas da Justiça reivindicando o seu direito a liminar para ser candidato a deputado estadual.
Será outra batalha infernal. Entretanto, nesta, o ex-prefeito possui mais chances de vitória. Afinal, a Justiça analisará todos os procedimentos.
Não só as alegações do Tribunal de Contas como, principalmente, as votações da Câmara que, visivelmente, ocorreram com inúmeras falhas que poderão torná-las nulas.
No dia seguinte à derrota das suas contas na Câmara, Farid realizou coletiva. Nela, além dos jornalistas, estavam presentes o presidente do PDT, Jonas Melo, parte do diretório e a deputada estadual Haifa Madi.
Os quatro vereadores do PDT, Benzi, Arnaldo, Nicolacci e Nego Valter, não compareceram. Isso pode ser um sinal político negativo para o ex-prefeito.
Na coletiva, Farid disse que reunirá o PDT, onde colocará em pauta a possibilidade de o partido ser oposição em Guarujá.
Sinceramente, só acredito vendo. Até o momento, os vereadores do partido de Farid votam quase sempre a favor da prefeita que possui 70% de rejeição popular.
Nos bastidores, fala-se que a lealdade dos vereadores do PDT à prefeita é devido a dezenas de cargos que receberam dela. O que não é ilegal, mas é imoral. Afinal, foram eleitos no partido do prefeito que perdeu as eleições.
A grande verdade é que apesar de ser o líder do PDT no Litoral, Farid terá dificuldades para “enquadrar” os seus vereadores em futuras determinações partidárias.
Nesse ponto, a prefeita tem um trunfo que responde pela sigla PPL – Partido da Pátria Livre. É que a legislação da fidelidade partidária deixa brecha para que titulares de mandatos insatisfeitos possam sair dos seus partidos, sem perderem os mandatos, desde que seja para um partido novo. O que é o caso e o partido está com a prefeita.
Portanto, não acredito em mudanças radicais no cenário político da cidade. Salvo se o ex-prefeito, independente do apoio ou não dos seus vereadores, declarar oposição verdadeira, o que já deveria ter acontecido antes.
Caso contrário, a prefeita continuará nadando de braçada e a oposição ficará com o “blá-blá-blá e o nhém-nhém-nhém” de sempre.
*O advogado Welinton Andrade Silva é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB, coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
welintonandrade@hotmail.com –