quarta-feira, 30 de junho de 2010

A "ROUBALHEIRA" DOS JUÍZES ACABOU COM O ESPETÁCULO DA COPA DO MUNDO

Dr. Welinton Andrade Silva

Gosto de conversar com minha mãe. Falamos sobre a infância e juventude dela. Hoje, ela tem 78 anos de idade e, graças a Deus, totalmente ativa e lúcida.
As nossas conversas, volta e meia, giram sobre os problemas enfrentadas para ela estudar. Discutimos também a dificuldade de comunicação e locomoção da época.
No transporte público, existia apenas a opção do trem, que fazia a ligação entre as cidades da região. Um passava pela manhã. O outro (o mesmo) à noite. Perdeu, tava perdido e “não adiantava ficar arrependido”.
Minto, restavam opções como andar quilômetros a pé ou no lombo de um cavalo ou carroça.
Na comunicação não era diferente: uma carta lavava dias para chegar ao destinatário e tantos outros para o remetente obter a resposta. Se a carta fosse internacional. Esquece. Eram semanas. Quanto ao telefone. Bem, melhor nem comentar.
Meu então futuro pai, nessa época, já gostava de futebol. Corintiano roxo, acompanhava o selecionado canarinho pelo rádio, onde mais ouvia chiados do que narração.
Hoje, a cidade onde minha mãe e meu pai nasceram, cresceram e se casaram conta com internet banda larga (telefone fixo, celular, GPS, Nextel, E-mails, Twitter, Facebook, Orkut...) TVs a cabo, regionais e comunitárias; rádios oficiais e comunitárias; ônibus a todo momento e automóveis (a estrada de ferro acabou).
Quanto ao antigo correio, que trazia notícias sobre familiares distantes, hoje, é igual ao nosso: só entrega contas a serem pagas.
E o que tem a ver a juventude dos meus pais com o que escrevo hoje? Tudo.
Refiro-me a pouca vergonha dos árbitros da Copa do Mundo 2010. Pouca vergonha é pouco. O termo mais adequado seria “roubalheira”.
Atletas se preparam por quatro anos. Nações param para torcerem pelos seus selecionados e a FIFA – Federação Internacional de Futebol – por pura incompetência ou desonestidade – estraga todo o espetáculo insistindo em manter o futebol na época da juventude dos meus pais.
O México sofreu um gol irregular, na partida vencida pela Argentina por 3 a 1 em Johanesburgo. O primeiro gol do jogo foi marcado pelo argentino Carlos Tévez que, se não bastasse ser ex-corintiano, estava impedido.
No jogo entre Inglaterra e Alemanha, a vergonha se repete, com o placar ainda em 2 a 1, a bola chutada pelo meia Lampard acertou o travessão do goleiro Neuer e quicou dentro do gol alemão quase um metro. O juiz e um bandeira não perceberam e deram prosseguimento normal à jogada, sob protestos dos jogadores ingleses. A Alemanha ganhou o jogo por 4 a 1.
Nos dois jogos os telões em pleno estádio onde aconteceram os confrontos demonstraram claramente as irregularidades dos gols. Entretanto, com a validação dos gols pelos juízes, “Inês é morta”.
O presidente da FIFA, Sepp Blatter, pediu desculpas aos mexicanos e ingleses que acabaram prejudicados por erros grosseiros de arbitragem.
Em plena era da informática, a FIFA continua utilizando a mesma tecnologia de décadas passadas: o olhômetro.
Da minha parte, ou a FIFA age de forma honesta com os amantes do futebol, modernizando suas regras e utilizando-se de tecnologia moderna, ou deixo de assistir às copas. Até porque, o que fizeram com os ingleses e mexicanos foi um crime. E um pedido de desculpas, sinceramente, é quase nada.
*O advogado Welinton Andrade Silva é presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB, coordenador do PSDC na Macro Região da Baixada Santista, membro titular dos diretórios estadual e nacional do partido e ex-secretário da Cultura
welintonandrade@hotmail.com –